Tudo mudou! A nossa percepção de valor sobre as marcas, a maneira como as empresas investem em publicidade, o modo como compramos produtos ou serviços… Mas e quanto ao bom e velho Marketing – ele também teria mudado?
Acredito que a maior parte dos profissionais de Marketing Digital responderia que sim. Porém, nós acreditamos que não, e podemos nos valer de alguns conceitos já consagrados na área para justificar o porquê dele continuar o mesmo. Afinal, essencialmente, o que é o Marketing para alguns ícones do assunto?
Para Raimar Richers, um dos primeiros especialistas em marketing do Brasil, “Marketing são as atividades sistemáticas de uma organização humana voltada para a busca e realização de trocas com seu meio ambiente, visando a benefícios específicos.”. Nesta mesma perspectiva, Philip Kotler, considerado pelo Management Centre Europe o maior dos especialistas em Marketing, define-o como “o conjunto de atividades humanas que tem por objetivo facilitar e consumar relações de troca.”.
A contar o nosso conhecimento e atuação dedicados ao segmento nos últimos doze anos, poderíamos nos referir ao Marketing como um conjunto de técnicas, conhecimentos e métodos que visam facilitar as vendas de um produto ou serviço observando as suas diversas possibilidades – preço, distribuição, comunicação e produto. Num olhar ainda mais abrangente, poderíamos dizer que se trata da concepção de uma política empresarial em que o principal intuito consiste em potencializar as vendas.
Certamente, o Marketing evoluiu muito desde a sua “descoberta”. Entre 1940 e 1950, ele era pouco conhecido, e alguns estudiosos acreditavam que essa teoria mercadológica poderia ser tornar uma ciência. Em 1954, ao lançar o seu livro “A prática da administração”, Peter Drucker colocou o Marketing como uma poderosa força a ser considerada pelos administradores.
Os anos foram se passando e muitos estudos e pesquisas se desenvolveram ao redor do fascinante universo do Marketing. Todos queriam saber quais eram os segredos do sucesso dos maiores produtos do mercado. E foi em 1967 que Philip Kotler, já professor de uma escola de negócios, publicou a obra “Administração de Marketing”, na qual reuniu os conceitos que usamos até hoje.
Por volta de 1970 finalmente teve início o seu momento histórico, quando grandes organizações começaram a criar diretorias de Marketing a fim de aplicar melhor aqueles conceitos e métodos. E o que antigamente era considerado somente um pequeno núcleo dentro do departamento comercial ou de operações tornou-se algo primordial para a disputa de mercado entre as empresas.
Desde essa época, outros grandes acontecimentos se desenrolaram, muitas outras importantes pesquisas já foram empreendidas e os meios de comunicação avançaram significativamente. Mas o fato é que, embora também tenha evoluído no decorrer de um processo natural, o Marketing continua se valendo dos mesmos conceitos já propagados em 1967.
Portanto, mesmo que os hábitos dos clientes tenham se modificado, que eles consumam outros tipos de mídias, que acessem outros canais e que as empresas continuem sem ter tempo a perder, é preciso ter em vista que o Marketing, em si, não mudou praticamente nada. Foi preciso, sim, que agregássemos outros valores, que aprendêssemos outras tantas ferramentas e que evoluíssemos nas suas muitas aplicabilidades; no entanto, o objetivo dessa ciência já foi muito bem delineado há algumas décadas, e é assim que se mantém.
Partindo dessa análise, o que percebemos é que, na prática, o mercado de Marketing Digital se mostra um pouco carente de pessoas que realmente se preocupem em entender o papel do Marketing dentro das organizações. A imposição de vender a qualquer custo está voltando, e é assustadora – principalmente as pequenas e médias empresas, que deixam de investir em longo prazo para colocar pequenas fortunas em vendas imediatas! E, infelizmente, esse é um erro que só se percebe depois de algum tempo, quando já é muito difícil conseguir desfazê-lo e voltar atrás.